segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

EXERCÍ (CIO) DA PALAVRA

sei que sou pouco lido
ou quase nunca lido.
é com a palavra que lido
e não me intimida
este falar
para ouvidos surdos
ou para urzes bíblicas:
a palavra é minha lida
minha vida
é lapidá-las
como jóias raras
e tecer-lhe iluminuras
em tessituras
de sonhos
urdindo-lhe tramas
e teias
veias
de veludo
e âmbar
na maciez
de pétalas
e pelicas.

a palavra fez em min
sua morada
e minha alma
é a sacrossanta casa
da poesia
que arrepia a pele,
que brota,se avoluma
como flor,no cio
de explodir
em fruto.

por isso, não me assustam
os versos não lidos
Os olvidos
os verbos não ditos.
assustam-me, sim,
a grandeza e a força
da palavra
desta lavoura arcaica
que, no entanto,
sempre é preâmbulo
do novo:

palavra-ovo
em explosão
de vôo.

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