quinta-feira, 12 de agosto de 2010


imagem: DiCampos/flickr

para te comer melhor, ensaio gestos-
exatos, insensatos
insetos que mexem na libido,
escalo paredes, qualquer parada,
rappeis, pasteis de carne de segunda
nas segundas feiras das feiras
livres
livros devoro,
como as palavras buscando as inexatas
as dúbias, as corriqueiras,
as prenhes de sentidos,
parindo vômitos seculares
de novas promessas:

para te comer melhor invento ventos
do norte, do sul, invento vozes
que sopram em teus ouvidos
as carícias sórdidas
de quem não tem medidas
métricas ou ressonâncias
imaginéticas:
teus ouvidos são meu público
meu púbico apelo
tuas orelhas são:
mãos, pés, coxas, bunda, peitos,
meu campo de cavalgadas.

para te comer melhor
eu me desdobro
em outros tantos
cantos
heteronômios quatro
cavaleiros líricos
do apocalipse
buscando o gral:
qual é a tua, meu amor,
como te ganho
neste emaranhado de promessas
e premissas
vãs
de paraísos nada naturais?

para te comer melhor
me entrego todo, corpo
a corpo
arco e flecha
água e ventania
em teu desejo quente:

para te comer melhor
eu sou poeta
e poeto letras
e palavras lúbricas
em tua lingua solta
presa na minha:
tudo, tudo, tudos,
só pra te.
só prá.