sexta-feira, 14 de setembro de 2012

escancarar os sentidos

o que quero agora
é escancarar os sentidos:
te derrubar neste
descampado árido
sem travesseiros fofos
almiscarados
sem lençol egipcio
apenas cio
de bicho
e te comer inteira
fodendo-te os orificios
como quem entrega de si
todos seus vícios:
o que quero agora
é te ver gozar
em movimento e ritmo
como mares e marés
em ciclos
não a esse circo armado
de séculos de rapinagem
o quero é ser contigo
humus de um mesmo todo
sem firulas ou filigranas:
o que quero agora
é escancarar os sentidos

sexta-feira, 9 de março de 2012

eros & tanatos

boleros
leros
eros
como hera
trepando,subindo,
agarrando-se às paredes
derramando-se jorro
jarro de tulipas
rubras
rubis queimantes
com o fogo dos amantes:
boleros
leros
eros:
foda-se tanatos

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

maio maior

te segui aquele dia
e vi teu rastro verde
desaparecer na neblina.
era maio.e maior era meu desejo
do que o frio da calçada.
de repente, nada
e eu fiquei ali,
com a mão solta no ar
buscando teu olho-corte
de navalha cega:
de repente, ali,
em meio ao caos
eu-sozinho
em meio às ondas verdes
dos faróis. 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

ou não?

e eu te digo: não te obrigo
nem me abrigo em vão
em teus peitos:
meu jeito
de te amar
é nossa história:
falas, falo,
falácias
:
nós nos queremos
e nos quereres 
nos perdemos
ou não?

terça-feira, 15 de novembro de 2011

em pele de lobo

susssurros
suados
nos ouvidos
zumbidos
nas orelhas
palavras sutis
subrepticios segredos
partilhados
metáforas:
em verdade, em verdade,
te digo:e
com o corpo e não
com a alma
te devoro:
lobo em pele
de lobo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

tesão

dentre dentes silêncios vozes sussurradas
dissimilamos os cânticos
dos cânticos
simulando êxtases
em aleluias mozarts
e requiens de bach


e imaginando outro
noirvana
pressentido
nas mãos que tocam
outra sinfonia
nos corpos retesados:
tesão ininterruptus
pelo agora



quinta-feira, 16 de junho de 2011

outro cantar


imagem: Mr. Noded/Flickr

fescenino,
me intrometo
entre teus seios
como víbora
enroscando e sugando
me meto
entre tuas pernas
e te devoro
coma fome de séculos.
mas lírico me derreto
em suores e tonus
em águas
cal
ientes
e ouso dizer
sem palavras
entre dentes:
te amo.